segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sofrer com o outro... é amor?


Porque sofremos junto com os outros. Será por amor?


Eu recebi um email do André Lima, terapeuta em EFT (http://www.eftbr.com.br/artigos.asp) com grande parte do texto abaixo. Quando eu li, achei muito interessante e resolvi compartilhar com vc.
Todos nós trazemos da infância uma série de crenças que nos limitam, inclusive na hora de ajudar alguém que amamos. 
Quando temos alguém que amamos em dificuldades, sofrendo, temos automaticamente o impulso de sofrer com eles para mostrar nossa solidariedade, nosso amor. 
 Essa crença traz outras implicações, que são também crenças e pensamentos nos prendem ao sofrimento:

- Se eu fico em paz enquanto meu filho tem um problema sério, significa que não o amo
- Se eu estiver feliz enquanto ele tem um problema, isso significa que não me importo com ele.
- Se eu ficar em paz, não vou tomar nenhuma atitude para ajudá-lo.
- As pessoas só agem para ajudar alguém quando eles sofrem ao ver o outro sofrer
- Se elas não sofrem, é porque são pessoas frias e sem sentimentos
- É preciso sofrer junto com o outro para se importar e fazer algo por ele
- Não quero ser uma pessoa fria, egoísta, ou insensível, por isso eu tenho que sofrer junto com ele
- Sinto culpa em estar feliz enquanto o outro sofre
- Ficar infeliz junto com o outro é uma forma de não sentir essa culpa
- Não sofrer junto com o outro é abandonar e trair o outro

Essas são crenças extremamente comuns que servem apenas para produzir mais infelicidade. Nosso sofrimento não ajuda ninguém. Pelo contrário, sempre acaba atrapalhando. Seja a nós mesmos, seja ao outro pois acabamos por ser insistentes, preocupados demais e não respeitando o direito que ele tem de não buscar ajuda. Quando há sofrimento e insistência de nossa parte,  queremos que o outro mude logo, assim também acabaremos com o nosso sofrimento.  Parte dessa motivação em ajudar acaba sendo bastante egoísta.
O que então pode nos impulsionar a ajudar os outros, se estamos plenamente felizes e em paz? O amor nos impulsiona. Ponto. Não precisamos de nenhum tipo de sofrimento pra isso. O bebezinho nasce e nós sentimos um irresistível impulso de cuidar e ajudar. E quanto mais estamos felizes, melhores serão nossas atitudes e melhor será nossa ajuda.
O ego nos convence que precisamos sofrer junto com o outro e com isso acabamos fazendo parte do problema. Quem está infeliz, está fazendo parte do problema. É como se quiséssemos ajudar alguém a sair de um buraco de uma maneira equivocada. Estamos fora do buraco, aí entramos nele e pedimos que a pessoa suba em nossos ombro para que ela possa sair. Por alguma razão, ela não tem forças e não consegue. Agora, são dois dentro do buraco. Continuamos a insistir, a pessoa sem forças não consegue e nós acabamos por ficar lá dentro com ela.

Famílias inteiras entram dentro do buraco quando tem algum membro com um problema mais sério, principalmente em casos de depressão, vícios e outra questões emocionais graves. Os membros da família sempre querem que o familiar doente busque ajuda. Insistem, ficam com raiva, preocupados, tristes, e isso nunca tem o poder de convencer aquela pessoa que não quer ser ajudado.
Os familiares ligam para o terapeuta dizendo que o filho, ou a mãe precisa de ajuda urgente, e perguntam como é o trabalho, quanto custa, falam que vão pagar e etc.  Como não foi o próprio "precisado" quem entrou em contato para buscar ajuda, essa ligação provavelmente não dará em nada.
Não vou dizer que é impossível, mas é muito raro que alguém consiga encaminhar o outro que não quer ser ajudado. Podemos apenas sugerir e deixar que ele procure o caminho. Quando um adulto quer, ele mesmo liga e agenda. Em alguns casos, pode ser que peça pra alguém fazer isso por ele. Mas quando o desejo não parte da pessoa em dificuldades, ela não chega até o tratamento, ou se chega, rapidamente o abandona.  
O Ideal é que a pessoa que está sofrendo com o sofrimento do outro faça um trabalho interior para resolver isso. É como dizer "você entrou no buraco. Agora é importante que você saia, até para gerar um equilíbrio maior à família". Quanto mais pessoas estão sofrendo, pior para aquela família; óbvio.
A melhor forma de ajudar surge quando estamos em paz. Você olha alguém que está dentro do buraco, e lá de cima, oferece sua mão para que a pessoa saia. Se ela não consegue, aí você coloca uma escada e deixa lá à disposição. Mesmo assim, tem alguns que não sobem. E são muitas as razões inconscientes que levam alguém a agir dessa forma. Nem mesmo a própria pessoa sabe, nem enxerga que está se sabotando. Não passa pela lógica racional. Jamais conseguiremos entender plenamente o que passa dentro dela. É preciso que a própria pessoa acorde e tome a decisão de sair do buraco aceitando a ajuda oferecida.
Quando tentamos convencer a todo custo uma pessoa que não quer ser ajudada , falando demais, brigando, insistindo, o efeito costuma ser o contrário e a tendência é que a pessoa se feche para uma ajuda cada vez mais. Estamos na verdade, em parte, querendo acabar com o nosso próprio sofrimento, pois precisamos que o outro mude para ficarmos em paz. Quando descobrimos que podemos ter a nossa paz interior independente do outro, surge o desapego. Não é desinteresse, e sim, desapego. Estaremos prontos para ajudar, mas sem aquela vibração de necessidade, medo, desespero e até raiva do outro durante a espera. Nesse estado não há também o sentimento de culpa em estar bem enquanto o outro está mal.
Respeitar a decisão do outro (ainda que seja uma decisão inconsciente) de permanecer dentro do buraco é um ato de amor e consideração. Aguardar pacientemente, de forma desapegada, é também um ato de amor. Quando agimos dessa forma, nosso poder de influência se torna muito maior, por mais que pareça o contrário.

Você pode ler algo mais no link Pena ou Compaixão?

Deixe para mim a sua opinião em um comentário. Eu vou adorar.
Um grande beijo

Um comentário:

  1. Cristal querida,
    amei seu post! De fato muitas pessoas infelizmente pensam que para auxiliar os outros precisam estar ao lado delas nas situações dificeis, mas se esquecem de que na grande maioria das vezes a pessoa em dificuldades precisa mesmo é de alguém que esteja a frente dela, que sirva de exemplo!

    Ao ler seu belo texto fiquei me perguntando: “Porque será que as pessoas fazem isso, não?” Uma de minhas respostas seria: imcompreensão. Essas pessoas, por não entenderem direito o que a outra está sentindo, procura se colocar na situação também, na tentativa de poder ajudar, se souberem melhor qual é o problema… mas, o que vemos é exatamente sua colocação: “dois no buraco…”

    Obrigada!!

    Bjs!!!!!

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